Capítulo IX - Os Anéis do Poder: O Senhor da Liberdade - Parte 1
Eu não lembro se a chuva era prevista pelos meteorologistas ou se eu fui a causa inconsciente para disfarçar minhas lágrimas. De qualquer forma seria inútil, pois ninguém exceto Poteta, havia aparecido a pedido de sua mãe para ter certeza que seu ganha pão havia morrido. E ele não demorou muito. Nem mesmo seu pai teve coragem de ir ver o túmulo de Maçã (Ayala na lápide). Paguei ao coveiro para escrever o epitáfio “Será sempre lembrada.” Era uma forma de dizê-la que nunca a esqueceria.
Olhei para o relógio. A reunião já tinha começado.
Entrei num clube cujo interior estava completamente
vazio de móveis, mas apinhado de barreiras de todas as ruas da Liberdade. Entre
eles, reconheci o líder Muriel e sua trupe e dois colegas meus da rua adjacente
ao clube: Marquinhos (Marcos) e Doug (Douglas). Líder e vice-líder respectivamente.
Olhando mais um pouco, fiquei meio aliviado. A barreira de Marquinhos estava lá
em peso e eu conhecia todos eles. Inclusive ele estava dizendo:
− Somos a barreira mais antiga daqui e a que teve
menos alterações em sua hierarquia principal. Temos a nosso favor a
experiência.
− E que grandes feitos você fez? − perguntou um outro
líder. − Por acaso derrotou alguma torcida organizada? Pois nós desbancamos os
dois Distritos[1] da
Liberdade e em breve estaremos derrotando os Distritos do Largo do Tanque.
− Se é para falar de conquistas, então nós temos muito
mais direito, pois vencemos dois dos quatro líderes dos Templários. − disse
Muriel.
No silêncio de surpresa que se formou, eu interrompi
sua autogabação:
− Na verdade eu que derrotei os dois. Sozinho. − e
mostrei o anel de Yuri.
Um corredor se formou para que eu pudesse passar e
subisse no pequeno palco onde Marquinhos se encontrava com Doug.
− E aí? − cumprimentei eles.
− Na verdade eu prendi o líder que possuía esse anel.
Anel este que você roubou de mim. − falou Muriel.
− Anel este, que usei para vencer outro líder dos
Templários e o usarei novamente.
− Não muda o fato que você o roubou.
− Ladrão que rouba ladrão…
− Pra começo de conversa, quem é você e o que faz numa
reunião de barreiras sem ser convidado? − perguntou o líder que derrotou as
torcidas da Liberdade.
− Soube que estava tendo uma reunião aqui para decidir
o líder da barreira da Liberdade. Eu vim me candidatar.
− E você tem barreira? − perguntou outro líder de boné
da Mahalo.
− Não vi nenhuma regra aqui que dissesse que o líder
precisaria ter barreira, apenas ser da Liberdade. − falei mostrando um panfleto
que foi divulgado pelas ruas do bairro.
− Isto estava implícito. − respondeu gaguejando.
− Isso é ridículo. − contestei. − posso muito bem
liderar essa barreira. Sou capacitado e com esse anel posso me infiltrar no
grupo e matar os outros dois líderes sozinho.
− Se pode fazer isso sozinho, pra quê precisa de uma
barreira? − questionou um vice-líder num canto fazendo muitos concordarem com
ele.
− Por que os líderes também têm sua “barreira”. Posso
vencer os líderes, mas não posso vencer todos os Templários.
− Acho justo. − falou Marquinhos. Era bom ter ele me
apoiando. Ele era um líder forte e conhece-lo só iria me ajudar.
− Eu não vou seguir você. − falou Muriel de prontidão.
− E eu não vou seguir ninguém a não ser eu mesmo. −
falou um líder ao lado dele.
− Assim não chegaremos à conclusão alguma. − ouvi uma
voz feminina falar, mas demorei a identificá-la na multidão. − Eu sugiro uma
votação entre os líderes. − disse ela.
− Concordo. − falou Marquinhos ao meu lado.
− Eu voto em mim. − anunciou Muriel.
− Eu também. − o do boné da Mahalo. – Em mim, quero
dizer.
− Em mim. − ecoou o que desbancou as torcidas.
E foi assim com todos os líderes, inclusive comigo,
exceto, com Marquinhos:
− Eu voto em Dani.
Surpresos, todos se calaram e fitaram o loiro ao meu
lado. Ele alisou os cabelos lisos e disse:
− Voto é pessoal, não é?
− Sendo assim, acho que o líder da Barreira da
Liberdade é Dani. − anunciou a garota o que ninguém mais teve coragem para
dizer.
Todos estavam atônitos, inclusive eu que não esperava
aquela conquista tão rápida e pacífica.
− E você já tem seu vice-líder? − perguntou ela.
− A-ainda não.
− Indica algum?
− Sim. Marquinhos.
− Obrigado, Dani. − disse Marquinhos meneando a
cabeça pra frente. − Doug… − meneou para o lado. Em minha direção.
Ele piscou várias vezes, incrédulo, antes de
Marquinhos se virar para ele e perguntar:
− O que você está esperando?
Ele tocou no braço que usava a soqueira
transformando-o em uma lâmina de um metro e desceu com força sobre mim. Num
ato-reflexo criei uma barra de gelo e detive seu golpe.
− O que está fazendo?
− Te ensinando a primeira regra das barreiras. Quando
o líder morre, o vice assume. Como eu sabia que você me escolheria como seu
vice-líder, votei em você. Uma vez morto, eu assumo a liderança.
− E se nós matássemos os dois? − indagou o líder
próximo da guria que instaurou a votação puxando seu 38 e disparando contra
Marquinhos, mas a bala rechicoteou numa aura transparente que surgiu ao redor
dele. Em seguida ele apontou a mão como um gancho e fez surgir à mesma aura no
pescoço do líder que lhe atacara. Não demorou muito para que o cara sucumbisse
sem oxigênio.
− Se vocês me ajudarem a matá-lo, prometo ser um líder
excelente.
Aquilo não estava acontecendo. A única pessoa que eu
acreditava poder confiar, me jogou numa armadilha e pôs todas as barreiras da
Liberdade contra mim, o que não era pouco.
Distraído fui pego por um chute de Doug que me
jogou no piso de baixo onde dezenas de líderes, vices e capangas me esperavam
com suas respectivas armas. Tencionei me liquefazer, mas em vez de uma poça
ambulante de água, meu corpo se transformou em uma densa fumaça negra muito
mais útil para passar por cima de todos e sair pela porta.
Segui assim até chegar a escada da minha rua.
− Uau! − disse experimentando pela primeira vez o anel
de Maçã.
− Poderoso, hein? − falou Vinny-Dellas (Vinicius)
sentado no muro da casa de Leo, que era primo dele.
− É, mas não o bastante para me proteger da barreira.
− Que barreira? − disse ele saltando do muro.
− Da Liberdade.
− Qual delas?
− Todas.
− Todas?! O que fez pra todo mundo ta querendo te
matar?
Fiz um breve resumo enquanto analisava a rua a procura
de um lugar para me esconder. Não podia ficar em casa, pois Marquinhos sabia
onde eu morava e certamente estaria vindo para cá.
− Que amigo da onça, esse.
− Nem me fale. Mas preciso me esconder até saber que
medida tomar. Tem alguma casa abandonada que eu possa ficar por um tempo?
Ele pareceu refletir.
− Acho que sim. − ele espirrou e passou a mão na minha
camisa.
− O que é isso? − perguntei olhando pra catarrada na
minha blusa.
− Estou lhe passando um vírus de computador.
− De computador? Esse catarro verde não me parece nem
um pouco virtual.
− Ele vai deixar você virtual. Aí vou poder botar você
nesse pendrive, de onde ninguém poderá te pegar. − falou tirando um pendrive do
pescoço como um pingente.
− E isso vai servir?
− Espero que você seja um arquivo pequeno. − falou
colocando a entrada do pendrive no meu braço.
Foi como se tivesse acionado um aspirador de pó
potente, que me sugou para dentro do pequeno aparelho. Foi uma sensação
esquisita de confinamento e quando finalmente entrei no aparelho me vi em um
universo completamente diferente. Aliás, o pendrive de Vinny-Dellas era mesmo
como o cosmo. Onde os astros flutuavam em forma de pastas, rolos de filme,
partituras de músicas e outros ícones de computador. Quando olhei pra mim,
estava parecido com o que seria um arquivo zipado.
Não sei quanto tempo depois, fui baixado na lan house
da tia de Pombinho que estava com a porta de ferro baixada. Além dele, estava o
primo de Vinny-Dellas, Leo; Dente; o primo deste, Poteta; Bolo e Papel.
− Uau. O que vocês fazem aqui? − indaguei sentindo
como se meu corpo acabasse de ser descompactado.
− Achei melhor trazê-los, para o caso de alguém nos
seguir. − falou Vinny. − E também para
lhe ajudar.
− Valeu, Dellas.
− Dellas nos contou o que aconteceu. − começou
Pombinho. − No que estava pensando ao se candidatar ao cargo de líder da
barreira da Liberdade?
− Precisava de um grupo forte para derrotar os
Templários. − expliquei. − Soube que eles estavam se unificando, então achei
que poderia liderá-los.
− Não se pode confiar em barreiras, Braço, por isso
que nunca tivemos nenhuma. − falou Papel.
− Eu sei, mas não posso derrotá-los sozinho. Eu
precisava de ajuda.
− E por que não nos chamou? − perguntou Leo.
− Por que isso não vai ser uma briga de rua, vai ser
uma guerra e nunca estivemos em guerra antes. Não é o mesmo com as barreiras,
onde algumas até já derrotaram as torcidas organizadas daqui.
− É, e agora esses soldados estão atrás de você. −
falou Bolo.
− Boa, Braço. Você fez muito melhor. Valeu. −
ironizou Dente me acenando um legal.
− Eu não preciso de sermão agora. − falei ríspido.
Aquele dia lúgubre não ficaria melhor com meus amigos me criticando. − Só um local
pra me esconder até eu pensar no que fazer.
− Você pode ficar lá em casa. − ofereceu Pombinho. −
Quanto mais distante da Liberdade, melhor.
− Quanto à barreira, a gente pode atacar o vice-líder.
− opinou Leo.
− É mesmo. − falou Bolo. − Uma vez que ele for
derrotado, ninguém terá motivos para querer te matar, já que você é o líder.
− É, isso faz sentido. − disse, mas não estava me
sentindo muito melhor por causa disso.
− A ideia é boa, o que foi? − perguntou Papel
percebendo minha cara.
− Eu não posso derrotá-lo. Ele é mais forte do que eu.
− Você está com medo? − Perguntou Dellas.
− Claro que não! − sim, eu estava, mas tinha meus
motivos. − Só afirmei um fato antes averiguado. Ele já me venceu. Mais de uma
vez. − e mais de uma maneira.
A verdade era que eu temia Marquinhos com todas as
minhas forças. Odiava quando minha mãe ia visitar a amiga dela (mãe dele) e me
levava junto. O que me aliviava era que eu não era o único, por isso que
Doug me atacou naquele clube.
− Com medo ou não, é melhor você ficar lá em casa.
Papel pode ficar com você lá, já que eu tenho que tomar conta da lan e os
outros podem ir atrás dele.
− Não será suicida atacar o vice-líder de todas as
barreiras da Liberdade? − perguntou Dente.
− Todas as barreiras vão estar caçando Braço.
Provavelmente ele só vai ta com a barreira mais próxima dele. − falou
Vinny-Dellas.
− Tem razão. − falei. − E eu sei quem são e os poderes
de cada um da barreira dele. − comecei pelo próprio Marquinhos e fui para
Doug chegando ao resto da gangue: – Toinho seria como o imediato da
barreira. Ele possui, não um canivete, mas uma adaga que congela tudo que sua
lâmina toca e tem um corte impressionante.
“Cacá não sabe quase nada de luta, mas tem uma técnica
quase infalível de criar bolinhas. Desde gudes a bolinhas de ping-pong. As
balas de Marquinhos são feitas com essas bolinhas de ferro. São três delas no
lugar de cada cápsula de bala tradicional. Não deixem ele tocar em vocês: já vi
ele criar um bola de borracha na garganta de um cara lá que tava devendo a
barraquinha da avó de Marquinhos.
“O oposto deste é M&M. Ele luta
como um ninja, mas assim como eu, não possui nenhum poder. Quer dizer, há quem
diga que ele sente cheiros estranhos, como de virgens, de mentira ou mesmo de
acidente que está prestes a acontecer. Mas não acho que chegue a tanto. E ele é
a menina do grupo.” Preferi não comentar que uma vez peguei ele fazendo
bola-gato no chefe.
− Tem também Lanterninha. Mas não se
enganem com seu dedinho brilhante. Ele pode fazer qualquer coisa simplesmente
perder a gravidade e flutuar podendo até sair pela atmosfera. Já vi ele fazer
isso com a bola de uns caras que não queriam deixar eles jogarem. Enquanto
discutiam, ele fez a bola flutuar até se perder de vista.
“E por último, mas não menos importante, tem Back. Ele
é a sombra de Marquinhos. Literalmente. Onde um está, o outro também está.
Dizem que ele nasceu sem alma, por isso não tem sombra, por isso ele fica preso
feito um parasita na sombra dos outros. Depois que encontrou a alma/sombra suja
de Marquinhos, ele não desgrudou mais. Se ele estiver lá, Marquinhos também
estará.”
− Valeu Braço. Vamos nos lembrar. − falou
Vinny-Dellas. − Agora volte pro pendrive que vou deixar com Mãozinha e deixe que cuidamos deles.
− Valeu, galera. Obrigado mesmo.
− Relaxe, estamos aqui pra isso. − falou Poteta.
Era estranho ouvir ele dizer isso, primeiro
porque ele não falava nada a mais do que “é mesmo” e segundo porque anos atrás
ele era o nosso Inimigo da Rua de Cima. É, em momentos de crise, as coisas
mudam.
Fui novamente descompactado na casa de Pombinho na
barra. Pelo que eu entendi, ele trouxe Papel nas costas e veio correndo em alta
velocidade. Ele ainda não sabia voar.
− Fiquem aqui. Usem o laptop que, da lan, eu posso
lhes avisar de alguma coisa. E fiquem à vontade. A casa é de vocês.
− Certo Chico (Diego Francisco/Pombinho/Mãozinha). − disse Papel.
Pombinho voltou para a liberdade e deixou eu e Papel a
sós.
− Ta com fome? − perguntou indo pra cozinha.
− Não, Thanks. − liguei o laptop e, enquanto
reiniciava fui pra ampla janela da casa de Pombinho.
A chuva torrencial da Liberdade e adjacências parecia
um boato na Barra. O sol brilhante e o céu azul pareciam debochar de meu luto.
Olhei para o anel negro que Maça havia me dado. Não
sabia por que ela o temia tanto, embora sua pedra obscura não ajudasse muito
ter uma boa opinião sobre ele. Era como se todo um mundo nefasto se escondesse
naquela pequena pedra. Toda negritude e trevas, as mesmas trevas que estava em
mim naquele momento. De repente me senti como se pertencesse àquele mundo
obscuro. A luz do sol me ofuscava como se não fosse acostumado a ela e sim ao
breu e o breu do meu anel se tornou tão visível quanto à caverna é ao morcego.
Um universo completamente diferente de tudo que eu havia visto se descortinou
bem diante dos meus olhos e me senti parte dele. Não.
Eu era dono dele.
Tirei de seu ninho pútrido um pequeno orbe negro como
a noite, mas a única estrela visível era um olho escarlate que se fixava em
mim. E ele dizia:
− Sim, mestre.
− Observe-os. − falei com a garganta seca de
excitação. − Quero saber tudo o que eles estão fazendo.
“Quero ser onisciente.” Pensei, pois eu era o deus de
um universo.
O pequeno globo negro se transmutou no que seria uma
mosca e voou possante até a Liberdade. Chegou a rua de Marquinhos e viu meus
amigos em frente a casa dele. Vinny-Dellas dizia:
− Soube que há uma busca por um cara aí. Viemos saber
se ta valendo alguma coisa.
− Vocês são uma barreira? − perguntou Doug insatisfeito com aquilo.
− Precisava ser? − questionou Leo.
− Não, não. Entrem aí que vou falar com Marquinhos a
respeito.
Eles caíram na farsa. O plano parecia ir bem.
Eles subiram as escadas e seguiram Doug por um
corredor até a última porta antes da copa que ficava o quartos de Marquinhos,
então de lá saiu Cacá que gritou:
− Eles são os amigos de Dani! Estão escondendo ele.
Droga!
Doug se virou com o braço já em forma de lâmina
atacando Dellas que se defendeu com uma barra de rolagem que criou na hora.
Atrás do vice-líder, Caio tentou acertar Leo que socou o chão rachando ele
exatamente onde o cara das bolinhas estava, derrubando-o. Contudo atrás do meu
grupo, cercaram Toinho e M&M. o primeiro sacou sua adaga, mas seus braços e
pernas foram envolvidos pelas chamas de Bolo. Logo atrás M&M pulou por cima
dele para desferir uma voadora na boca de Dente que o mordeu e o jogou na
parede.
Do quarto da mãe de Marquinhos, Lanterninha disparou
pelo seu dedo luminescente um raio contra Poteta que, intangível, escapou do
poder e lançou os seus dois raios pelos olhos lançando o “Dedinho” contra a
parede do cômodo. Em seguida ele atravessou Leo, Vinny-Dellas e Doug que
fechavam a passagem e foi até Cacá que lançou uma bolinha de aço no cano
exposto pela rachadura no chão que vazou um jato forte de água bem na cara de
Poteta. Distraído, ele tomou uma rasteira e caiu.
Doug chutou a barriga de Vinny-Dellas e o atacou
novamente, dessa vez com várias sequências, todas bem defendidas.
Sem ter pra onde ir, Leo atravessou a parede num ponto
e voltou por outro atrás de Caio criando duas enormes crateras. Quando o
capanga se virou, recebeu um jab indo a nocaute.
Do chão, M&M chutou a perna de Dente derrubando-o
também para depois partir pra cima dele, ficando por cima e lhe dando uma gravata.
Bolo lançou Toinho para fora da casa com seus
tentáculos de fogo e depois fez o mesmo com M&M lançando-o porta a fora.
Dessa vez era Doug que estava cercado, então Poteta
apontou:
− Back!
Todos olharam para o magricela desnutrido que saiu do
quarto de Marquinhos no mesmo instante em que um vulto passou rápido para a
copa. Quando minha galera o encarou ele estremeceu e saiu correndo seguindo o
vulto. Leo e Poteta que estavam perto, foram atrás do Sombra. Vinny-Dellas
espirrou no rosto de Douglas que depois brilhou em tom azul, ficou meio
translúcido e desapareceu.
− Ctrl+x. − explicou pros caras que vieram
logo atrás.
Minha mosca os seguiu pela copa, passando para uma
porta que dava num corredor externo que levava ao jardim dele.
− Ele está fugindo para o jardim onde poderá fazer sua
transformação.
− O que? − perguntou Papel da cozinha.
− Nada. − disse ainda olhando pelos olhos da mosca.
Os caras correram atrás de Back até o platô de pedra
que antecede a entrada do jardim. A mosca era a última da fila, portanto, a
primeira coisa que vi foi um a um dos meus amigos estacando surpresos. Ao
chegar lá, vi a cena terrível: todos os líderes, sob o comando de Muriel
apontavam armas para meu grupo.
− Como formigas atraídas pelo mel.
Poteta recuou cautelosamente até a parede, mas sua
intangibilidade não funcionou da mesma forma que Vinny brilhou em tom azulado,
mas não se teletransportou como fez com Doug.
Eles foram pego numa armadilha.
A porta foi destrancada e ao me virar a garota do
clube entrou apontando a arma pra mim. Havia um cara já dentro da sala que
tinha aberto a porta, só não fazia ideia de como ele tinha entrado.
− Nem se mexa. − falou a garota apontando o .38 contra
o meu peito. Atrás dela entrou outra garota que ficou do outro lado, mais
próximo da cozinha.
De lá, Papel criou uma barra de gelo, na qual escrevi:
“tem + 2, 1a perto d vc.”.
− Como me achou aqui? − perguntei observando o seleto
grupo.
− Contatos. − disse ela com um sorriso. − Um líder que
peguei aqui, outro no Campo Grande… meus carnavais são bem proveitosos.
− Tecnicamente, vocês não deveriam estar me
obedecendo, já que eu que sou o líder?
− Tecnicamente, obedecer você seria ficar contra
Marquinhos e todas as outras barreiras. Então, não. Matar você é mais fácil.
− Isso é o que você diz.
Controlei o sangue da garota empurrando para a parede
que foi automaticamente congelada por Papel ao meu sinal. A menina também foi
congelada. A líder se distraiu olhando pra trás e recebeu a barra lançada pelo
meu broder bem na cara, caindo e deixando a arma rolar de suas mãos. Contra o
outro cara lancei uma corrente de gelo prendendo-o, mas ele se desfez em pó e
como uma tempestade de areia me envolveu se refazendo atrás de mim me dando uma
gravata com braços de pedra. Papel lançou um disco de gelo para cortar o braço
de meu algoz, mas eles se mostraram inúteis, ou, no mínimo um paliativo de uma
solução que, pra mim, naquele estado, dava no mesmo. Me liquefiz e envolvi o
desgraçado fazendo-o se transforma numa poça de lama.
Uma vez livre envolvi a arma da líder com sombras que
cortavam tudo que se aproximava. Já recuperada ela se levantou e viu suas
crianças derrotadas.
− Parabéns! − disse indo se sentar no sofá como se
esperasse pelo chá que não ofereci. − Você foi mais do que surpreendente.
− Derrotamos seus capangas e você nos parabeniza? −
indagou Papel.
− Isso tudo foi um teste. Queria saber se você era
forte o suficiente para poder me aliar sem correr riscos desnecessários.
− Não acredito em você. Só está dizendo isso para
poupar sua vida.
Ela riu.
− Poupar minha vida? Se quisesse você morto, já teria
conseguido. − ela apontou com a cabeça a janela. − Olhe para o prédio à sua
frente, décimo sexto andar.
Me virei deixando-a sob a guarda de Papel e olhei no
prédio em frente no andar indicado. Numa janela bem de frente para nós tinha um
cara apontando uma arma em minha direção. A cortina o camuflava, mas pra quem
sabia onde olhar ele era até fácil de ser visto.
− Se quisesse sua cabeça, não precisaria nem estar aqui.
− O.k. Agora que fui pesado, medido e considerado
suficiente, como você irá me ajudar contra Marquinhos?
− Primeiro você precisa ter sua própria barreira.
− Não formamos barreiras. − respondeu Papel por mim.
− Pois é bom formarem. Precisamos fazer um ataque
inesperado com uma força que Marquinhos desconhece.
− Em primeiro lugar, porque quer nos ajudar? −
indaguei. − Como você disse, é bem mais fácil nos matar.
− Não vou ser a piriguete[1]
de um ditador-mirim. É você morrer que na sua missa de sétimo dia entramos em
guerra com as barreiras do Pero Vaz, Bairro Guarani, Curuzu e adjacências até
ele conquistar a cidade inteira. Seu plano sempre foi esse, só lhe faltava a
oportunidade.
− Isso não é tudo. O que está escondendo? Por que me
olha como se nos conhecêssemos há anos.
− Por que nos conhecemos há anos.
− O que? − Dessa vez consegui falar junto com Papel.
− Você não se lembra de mim, por que guardou suas
lembranças no seu jardim.
− E-eu tenho um jardim?
− Tem. − falou ela relutante.
− Por que eu não lembro disso?
− Porque você guardou suas memórias, lembra? − Oi?
− E por que eu faria isso?
− Se fosse pra você saber, você lembraria.
− O que mais eu guardei lá? − perguntei temendo ter
deixado meus poderes lá também por causa de alguma idiotice.
− Se Marquinhos te matar, isso não vai fazer a menor
diferença, portanto se concentre nele.
− Marquinhos é um assunto resolvido. − disse Papel
tentando me ajudar,
− Na verdade não. − mas sua ajuda foi em vão. − Eles
caíram numa cilada. Ele deixou toda sua barreira em sua
casa, inclusive sua sombra, mas ao irem atrás dele se depararam com todos os
outros líderes.
− Não todos. Marquinhos destacou eu, o cara do boné da
Mahalo e o que venceu as torcidas pra o acompanharem pessoalmente atrás de
você.
− Ele está atrás de Braço sem barreira?
− Certamente ele tem uma carta na manga. − disse. −
Marquinhos é inteligente o suficiente a ponto de usar minha única vantagem
sobre ele contra mim.
− Você tem razão, mas é um coringa bem escondido. Nem
eu sei o que ele planeja, por isso temos que ataca-lo de surpresa. Já que você
mandou sua… galera − ela ia dizer barreira. − na casa dele e eles foram
surpreendidos, Marquinhos vai achar que você está só. Mais um motivo pra você
criar sua barreira agora com um contingente do máximo de pessoas que você
conhecer de sua área.
− Eu conheço muita gente. − isso não queria dizer que
ia aceitar a ideia dela de prontidão.
− Chame todos. Quanto maior, melhor.
− Vai mesmo liderar uma barreira? − perguntou Papel.
− Eu não disse isso.
− Se não fizer, você vai morrer. − odeio frases
fatalistas, mas tinha que concordar: ela estava certa.
− Ta, mas como vou reunir todo mundo, exilado aqui?
− Pra isso existe MSN. − falou Papel indo pro notebook
de Pombinho. − Podemos marcar uma reunião com todos em um lugar neutro.
− Primeiro vamos ver se todos concordam com isso. −
disse relutante.
− Pode trazer de volta meus guerreiros?
Enquanto Papel agrupava todo mundo numa mesma janela
de MSN, eu descongelei a menina e tirei a água da lama que era o menino. Ambos
se juntaram mim e a…
− Como é mesmo o seu nome?
− Kinha. Nem acreditei que o veria de novo quando vi
você cruzando aquele salão para se oferecer como líder da barreira da
Liberdade.
− Desculpe não me lembrar de você.
− Foi melhor assim. Se Marquinhos não sabe que nos
conhecemos, não vai desconfiar de mim.
E nos concentramos em Papel:
Inho
Vila (Papel)diz:
Ta tdo mundo aí?
Nandoo
diz:
Q tumultooo é esse aki, mermao?
Corleone (Pombinho) diz:
Papel, o que foi? Está tudo bem aí?
Inho
Vila diz:
Ta sim.
E q braçoo quer falar c td mundo ai
Sou
um Frankenstein bonito (Xalau) diz:
Bora
nilo-brocke!!!
Inho
Vila diz:
Braço: Bora xalau
(Ualax)
Ta td mundo aê?
Diogo
o Trasgo (Trago) diz:
Axo q ta
Tem uma barrera no MSN
Nandoo
diz:
Vai convidar a gnte p carurivis de sete
meninos é?
Paulinho
(Paulo) diz:
Vc ker dizer 70 né mestre
Inho
Vila diz:
hahahahha
Johnny Gato (John) via ebuddy diz:
Ki letra rosa é essa nandinho?
Humbertinho
(Humberto) diz:
É 1 viadão
Nandoo
diz:
Issu n é rosa é fuscia fio
Pezão (Thiago)[2]
diz:
Pra mim é rosa
Humbertinho
diz:
P mim tbm
Sou
um Frankenstein bonito diz:
Marao_porradao aconselhe seu irmão
Paulinho
diz:
kkkkkk
Juninhooo
Porradão (Mário Júnior) diz:
Eu tento fazer ele ser maxo, ele n ke.
Diogo
o Trasgo diz:
Ai ñ tem mais jeito ñ fio
Nandoo
diz:
Vc é home[3]
Diogo
o Trasgo diz:
Ai jah foi
Vc é mais
Paulinho
diz:
kkkkkk
Thiago
diz:
Os 2 são home
Corleone diz:
Galera, Braço ta querendo falar uma coisa importante.
Bunitinho (Lucas) diz:
Q resenha desses cara viu
kkkkkk
Inho
Vila diz:
Braço: é, galera. É rapidão.
Sou
um Frankenstein bonito diz:
Diga
nilo-brocke
Inho
Vila diz:
Braço: é que tem um cara kerendo me matar
John
Pomponet via ebuddy diz:
Fale kem e q a gente mata ele atne
*antes
Sou
um Frankenstein bonito diz:
É ideia johnny cat
Pezão diz:
Diz o endereço q a gente capa ele
Paulinho
diz:
1o eu pego o poder dele, dps a gente mata
Inho
Vila diz:
Braço: v6 vão msmo me ajudar?
Nandoo
diz:
Claroo né fio.
Diogo
o Trasgo diz:
Vc fik de isca, ai qndo ele xega a gente panha ele
Bunitinho diz:
Purra
ó pa diogo!
Sou
um Frankenstein bonito diz:
SenhorTrasgo68 é
inteligente Zé_bunitinho
Nandoo
diz:
Xalau é um frnakstein bunito e trago é
um trasgo inteligente.
Bunitinho diz:
E braço e um braço o q?
Paulinho
diz:
Grande
Nandoo
diz:
Iiiiiii
Já viu, né discaradoo
Juninhooo
Porradão diz:
Esses caras sao estranhos viu
Bunitinho diz:
kkkkkkkkkkkkkkkk
Pezão diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Diogo
o Trasgo diz:
Hahahahahaha
Paulinho
diz:
Lá ele
Sou
um Frankenstein bonito diz:
Dps falam
da letra do little nando
Nandoo
diz:
Ta vendu aí xalau
Inho
Vila diz:
Ô cambada, Braço ker falar
Diogo
o Trasgo diz:
Já ta decidido, rpz
Vc vai de sica e pegamos eles
**isca
Lanee butterfly entrou na conversa
Lanee butterfly diz:
Oiiii genteee
Vcs vão fazer uma barreira é?
Nandoo
diz:
Kem xamou barbie na conversa rpz?
Lanee butterfly diz:
Oxiii já tava de hjee
V6 vão fazer uma barreira é?
Posso entrar tbm?
Humbertinho
diz:
N barbie
Se saia
Pezão
diz:
Barrera é pra homem
N p barbie c defeito de fabrica
Uhauhauhauhauhauhauh
Lanee butterfly diz:
Mais eu posso ajudaaa
Sou mais maxo q muito homem
Johnny Gato via ebuddy diz:
Mais macho q nandinho com certeza
Nandoo
diz:
É pq vc é mais home do q eu
Johnny Gato via ebuddy diz:
Nada disso
Inho
Vila diz:
Braço: barbie, pezão ta certo
Essa barreira é só para os caras
Lanee butterfly diz:
Vc e o líder éee?
Bunitinho diz:
Se ele ta juntando uma barrera é claro q ele é o
líder.
Sou
um Frankenstein bonito diz:
E
ropomponet vai ser o vice
Lanee butterfly diz:
E v6 tem armas e soqueiras e canivetes?
(dois minutos de silêncio)
Poiis éee
Axei q nãooo
Posso providenciar issoo
Falooo c os anões de castro alves[4] e eles fazem a armaaa,
a soqueiraa e o canivetee
Mas ai eu vou ter quee entar na barreiraaa tbm
Inho
Vila diz:
Braço: e qndo vc pode entregar?
Lanee butterfly diz:
Eu vou estar na barreiraaaa?
Inho
Vila diz:
Braço: vai
− Vei, você ficou maluco? − me perguntou Papel em
off.
− Ela não vai entrar. − informei. − Mas ela não
precisa saber disso agora.
Johnny Gato via ebuddy diz:
Que barbie o q rapaz?
Ta maluco é
Lanee butterfly diz:
A decisaoo foiii do líder da barreiraaaa
Se ele disse q eu vou, eu vouuu
Corleone diz:
E onde nos encontraremos?
Aqui na lan não tem espaço.
Sou
um Frankenstein bonito diz:
Faz na
ksa da namorada de trago.
Pezão
diz:
Onde é isso?
Diogo
o Trasgo diz:
Vc desce a rua toda
Qndo chegar na outra voc entra naquele becu do
acarajivis e segue o becu tdoo
E no final do becu tem a casa da natty. (Natália)
Juninhooo
Porradão diz:
E no final do seu be cu ne?
Diogo
o Trasgo diz:
La ele
Bunitinho diz:
Trago muda isso aí rpz
Nandoo
diz:
Trago é burroo p poha vei
Inho
Vila diz:
E v6 dizendo q ele é inteligente
Diogo
o Trasgo diz:
E é cm?
Corleone diz:
Beco
Com O
Diogo
o Trasgo diz:
Ahhh
Sou
um Frankenstein bonito diz:
bhhh
Nandoo
diz:
chhh
Paulinho
diz:
Dhh
Inho
Vila diz:
ZHHHH
Braço: Então ta marcado.
20h na casa de natty
Juninhooo
Porradão diz:
Fechou la
Pezão
diz:
De boa
Sou
um Frankenstein bonito diz:
Estaremos
lá nilo-brocke
Inho
Vila diz:
Braço: então até mais.
Oito horas da noite em ponto eu fui descompactado na
casa de Natty. Além dela, de mim e de Papel, estava Pombinho, Trago e Johnny,
primo de Papel.
− Pó, Pamonha, você é foda, viu. Tava lá na ilha de
boa…
− Quem te chamou foi Braço. − respondeu Papel.
− É, pelos motivos já explicados.
− E por que essa ideia de repente de formar barreira? −
perguntou Pombinho.
− Foi ideia de Kinha, uma líder do Beco do Cajá.
− Uma líder? Eles não estão procurando por você?
− Ela não quer servir a Marquinhos. E também disse que
me conhece.
− De onde?
− Ela não disse.
− E você acreditou nela?
− A verdade é que se ela quisesse me matar, teria
feito e eu nem saberia de onde veio o tiro.
Pombinho olhou pra Papel que acenou afirmativamente
com a cabeça. Nesse momento bateram à porta e Natty abriu com telecinese. Uma
pena porque aquela morena é simplesmente gostosa e estávamos esperando que ela
rebolasse pela sala até a porta. Dizem que o pai dela era um íncubo e que,
apaixonado pela mãe dela que já era tão linda quanto, deixou que ela vivesse e
até mesmo desse a luz a um filho seu. Mas como era de se esperar, ele nunca
mais deu as caras. Sorte nossa, azar o dele.
Paulinho e Humbertinho chegaram acompanhados de Pezão que já começou:
− Lençol! Lençol, não. Líder Lençol.
− E aí. − disse cumprimentando ele.
− Já ta todo mundo aqui? − perguntou Paulinho
reconhecendo seu atraso.
− Não. − respondi. − Falta Nandinho, Marão, Xalau e
Bunitinho.
− Por que você não trouxe logo os cara, Trago? −
perguntou Papel.
− Eu falei com eles, mas Nandinho disse que ainda ia
tomar café e Juninho falou que ia esperar ele. Xalau falou que ia esperar
Juninho e Bunitinho falou que ia quando os caras passassem lá.
− Que tumulto desses caras, viu. − falou Pombinho.
− Enquanto isso conte aí porque o pivete quer te
bater. − pediu Paulinho.
− Na verdade ele é líder. − contei sobre Maçã, os
Templários, a tentativa de liderança do bairro. Era melhor contar toda a
verdade, já que eles depositaram sua confiança em mim de forma tão espontânea.
Nesse meio tempo, chegou Nandinho acompanhado
pelo resto da nova barreira. Ao término do relato, um brilho ofuscou a sala e
ao se apagar revelou uma garota trajada de rosa, o que incluía um boné, um
lenço no rosto e óculos escuros. Nas costas um par de asas de borboleta em tons
de rosa bebê, rosa choque, salmão e fúcsia
− Barbie? − perguntei.
− Como adivinhou?
− Quem mais ia usar essas roupas discretas? − indagou
Nandinho.
− Essas asas, então… discretíssimas. − riu Bunitinho.
− Ah, gente, é que meu glamour[1]
acabou e sem ele eu fico horrorosa, aí eu pus a máscara e os óculos.
− E você tem asas de mariposa? − perguntou Paulinho.
− Epa! Isso aqui é borboleta.
− Pra mim parece mariposa.
− Aí é Barbie-Com-Defeito-De-Fábrica, rapaz. −
informou Pezão. − Cê acha que ela ia vir com asa certa é?
− Ô gente… − suspirou rindo junto com os outros,
− Trouxe as armas? − exceto eu.
− Trouxe sim. − ela tira das costas com certa
dificuldade, por causa das asas, uma mochila rosa e abre mostrando as armas
feéricas. Ela me passa um 38 com desenhos em seu metal. − Essa é a sua arma.
Tem balas de vários tipos e sua potência é aumentada.
− Ela se recarrega sozinha?
− Eu sou fada, não sou bruxa.
− E toda aquela história de glamour?
− É um tipo de magia, mas é mais baixa que a magia dos
bruxos.
− Sei.
Em seguida ela passou a soqueira pra Papel e os canivetes
pro resto da galera.
− E qual será o plano? − perguntou Marão.
− Iremos até a casa de Marquinhos resgatar o resto da
galera e prender os líderes que estão lá. Uma vez sem líderes, os vices não
saberão o que fazer, e mesmo que saibam, eles levarão um tempo pra perceber que
estão comandando as barreiras o que nos dá uma margem de ação para caçarmos
Marquinhos e detê-lo.
− Onde o encontraremos? − perguntou Nandinho.
− Pode deixar que cuido disso.
− E como a gente vai pra lá sem que enfrentemos as
barreiras que estão à sua procura? − indagou Pezão.
− Nandinho pode nos teletransportar. − falou Xalau.
− Mas eu não sei onde é a casa, Xalau.
− Nem é preciso. − falou Papel. − podemos ir no
pendrive de Vinny-Dellas.
− E quem vai levar? − perguntou Paulinho.
− Natty. − falou Pombinho.
− Eu?
− Você vai como presente de Braço para Marquinhos
como espécie de acordo de paz. Provavelmente Marquinhos não vai estar lá, então
quem vai recebê-la vai ser o líder responsável de lá, no caso o vice-líder,
então enquanto você o distrai, tira a gente do pendrive, rendemos o líder e
forçamos a liberação do resto do pessoal.
− Marquinhos não deixaria sua casa sob o comando de
Doug, mas isso é um detalhe. − falei. − O plano é bom. − Peguei o pendrive e
dei pra Natty que um a um colocou os caras dentro do pequeno aparelho. Na vez
de Barbie, interrompi. − Você não.
− Mas você disse que eu ia participar da barreira.
Consegui até uma lâmina de ferro-frio rosa.
− Você já faz parte da barreira, mas tem que ficar
alguém aqui protegendo o QG. Se alguma coisa acontecer, você nos avisa além do
que ninguém vai desconfiar de uma barreira alojada aqui com uma fada-Barbie.
− Poxa…
− Você será muito útil aqui. − lhe assegurei.
Natty me deu um beijo de boa sorte e me recolheu.
Quando fui descompactado, estávamos no quarto da mãe
de Marquinhos onde os caras já me esperavam. Quer dizer, eles estavam vidrados
na cena que ocorria na cama: Muriel estava por cima de Natty, ofegando como
se nunca tivesse feito sexo na vida.
Antes que Trago tirasse o cara de cima de sua namorada
da forma mais violenta possível, eu me adiantei, peguei a arma do líder em cima
da bancada e encostei a minha na nuca dele engatilhando-a.
Ele levou alguns segundos até parar de vez e se
ajoelhar na cama virando o pescoço pra mim.
− Diria que é louco pra vir aqui, mas pela sua nova
barreira, diria que é apenas burro e autoconfiante demais.
− Cale a boca. Onde estão os meu amigos?
− Presos no jardim. − aquilo não era bom.
− Está mentindo. Tem um porão aqui em que Marquinhos
já fez de calabouço.
− Mesmo? Bom pra ele, porque ele ordenou que fossem postos no jardim.
− E aonde? Presos em alguma planta carnívora?
− Na Cabana. − aquilo definitivamente não era nem um
pouco bom.
Todos nos olhavam esperando. Me virei pra Natty e
ela já tinha sido vestida por Trago (se dependesse dela, continuaria nua).
− Vista-se. − enquanto Muriel colocava a roupa, dei as
ordens: − Pombinho e Papel, vocês já conhecem a barreira de Marquinhos. Ache-os
e os subjugue. Leve Paulinho e Pezão com vocês. − eles aquiesceram. − Nandinho, leve os
outros, exceto Trago, atrás dos líderes e façam o mesmo. − também saíram. −
Natty, fique aqui e deixe pensarem que ainda está com Muriel, mas se alguém
entrar, ou desconfiar, não deixe que ele saia daqui.
− Pode deixar.
− E quanto a mim? − pergunto o trasgo.
− Você vem comigo.
Já vestido, levei Muriel até a parte de fora chegando
ao jardim.
− Fique aqui e não deixe que ninguém passe. −
falei pra Trago.
Ele pegou um galho grosso do chão e se posicionou.
− Pode deixar. − falou acendendo um cachimbo na
bocarra.
− Você é um trasgo estranho. − comentei antes de levar
Muriel para o jardim de flores e plantas do tamanho de árvores.
− Não sei se você é muito corajoso ou muito burro, Sr.
Eku. Deveria pelo menos trazer sua roupinha emo.
− Não usarei mais aquela roupa. E não, eu não sou
burro, sou audacioso.
− Se fosse procuraria por Marquinhos diretamente e o
mataria.
− Pra você reunir as barreiras aliadas e me dá um
golpe de estado. Não. Tudo a seu tempo. Marquinhos está atrás de mim, pelo
visto sozinho. Nos encontraremos mais cedo ou mais tarde. Primeiro preciso de
minha barreira completa. E, como de praxe, tirar você do meu caminho.
− Você que cruza o meu sempre que pode.
− Ah, qual é? Você sempre se envolveu em atividades ilícitas,
desde roubo de anéis a extorquir dinheiro de garotos que passam na sua ladeira.
− Eu não roubei aquele anel. O peguei de volta.
− Como é?
− Aquele anel pertenceu ao meu pai antes dele ser
morto pelo Andarilho.
− Pelo Andarilho? Aquele cara com roupa de maluco que
fica vagando pela Baixa dos Sapateiros? Por que ele mataria seu pai? – Até onde
lembrava, ele era um herói.
− Ainda não descobri, mas quando o fizer, matarei ele.
Você, por enquanto é treinamento e a barreira da Liberdade será uma forma de encontrá-lo
e desmascarar aquele maluco assassino.
− Tocante, mas sinto lhe dizer que terei que
desmanchar seus planos.
− É mesmo? − debochou quando avistamos A Cabana. − Mas
você faz ideia do que há lá dentro?
− Uma vaga. Ande.
Chegamos a porta de onde eu mandei ele abrir. Lá
dentro meus amigos estavam amarrados em cadeiras ao redor de uma mesa de
madeira cuja cabeceira tinha o lugar ocupado por mim mesmo. Mas era um eu de
nível épico. Diria que um eu divinizado. Se eu fosse Deus, seria ele.
Muriel olhou para o homem na cabeceira embasbacado e
admirado ao mesmo tempo. Desconfiei que ele via a si mesmo divinizado e não
minha versão.
− Marquinhos disse que você viria. Você é mesmo
previsível. − falou o eu-Deus.
− E por que ele não está aqui me esperando?
− Aconselhei-o a não ficar.
− Não me diga que está trabalhando para ele também?
Vai me deter com um canivete de fogo? − meu sarcasmo vindo sabe-se lá de onde
causou um arrepio sinistro, não só em mim, mas em todos na sala.
− Respeito não é bem o seu forte, não é mesmo. Diria
que é quase um ateu.
Ateu? É, nunca parei pra pensar nisso. Nunca fui a
templo algum de deus algum, mas nunca duvidei de suas existências e aquela
potência em minha frente me provava de que sim, deuses existem. O que me levou
a pensar naquele momento no que faria, caso aquele grande deus se opusesse a
mim. Claro, ele era um dos pouquíssimos que possuíam onipresença dividindo seu
ser entre trilhões de outros iguais ao principal ocupando cada espaço vazio
entre cada quark do universo. E sim, aquela era uma versão grande e embora seja
uma parte era uma parte bem poderosa.
− Um ateu deixa
de existir assim que Deus mostra sua face para ele. Então não me classificaria
como ateu nesse momento.
− Então me trate com respeito. − sua frase foi
pontuada com o teletransporte de Muriel para o seu lado e minhas armas para a
mesa ao alcance das mãos deles. É, seria difícil. − Por que não se senta?
− Prefiro ficar em pé.
Ele apontou pra mim, mas a única coisa que aconteceu
com meu corpo foi uma produção um pouco maior de suor, principalmente nas mãos.
− Interessante. − ele olhou para minha mão e se deteve
em um dos meus anéis com um olhar carrancudo. Sua sobrancelha esquerda arqueou
significativamente. Eu fazia aquilo?
Ele se levantou:
− Você não é bem-vindo em minha Cabana.
− Solte meus amigos e eu irei embora.
− Não disse que ia negociar com você, disse para ir
embora.
− Não irei − me aproximei da mesa de forma que ele não
pudesse ver a espada de lâminas flamejantes negras que eu criei. − a lugar
algum sem meus homens.
− Está desafiando a mim, que sou o Altíssimo?
− Perdoai-me pai, mas sim. − merda, falei em tom
irônico de novo.
O eu-Deus pegou a arma de Muriel que se transformou em
uma arma divina e dourada e apontou pra mim. O tiro raspou meu ombro e atingiu
o de Muriel derrubando-o. Quando me virei para a porta, o atirador me jogou no chão
e apontou o rifle para o eu-Deus que ainda mantinha a arma apontada na direção
onde eu estava.
− Quem é você? − perguntou o templário acompanhado de
mais dois monges empunhando iguais armas.
− Eu sou Verbo. − Não eu não ouvi errado. Ele disse
que era “Verbo” e não “O Verbo”, como se o nome dele fosse uma classe
gramatical.
Alheio a isso, lancei as chamas negra nas cordas do
grupo da esquerda, lado aonde fui jogado, libertando Vinny-Dellas, Dente e Bolo
que lançou seus tentáculos de fogo por debaixo da mesa libertando Leo e Poteta.
− Este homem está sob seus cuidados? − perguntou o
templário desviando a arma para o chão.
− Sim. Por que quer matá-lo?
− Ele sequestrou e matou um dos nossos líderes. Somos
os Templários. Agimos sobre o seu nome.
− Meu nome? − riu desdenhosamente. − Os homens e suas
vãs sabedorias. Eu por acaso indiquei alguém para iniciar uma cruzada em meu
nome?
Essa eu queria ver.
− Achamos que o fato de os quatro artefatos terem
aparecido em quatro de nossas igrejas, fosse um sinal do senhor.
− Alguns desses artefatos nem são desse mundo.
− São do céu?
− Não, criança. Mas esse é um mistério que não
pertence aos homens. − já tinha ouvido isso em algum lugar, mas me concentrei
em Muriel que se arrastava para os fundos da cabana. As pernas na minha frente
bloquearam minha visão.
Droga.
Um dos templários que entraram olhou para mim e não
gostou nem um pouco de eu ter uma espada de fogo negro, tão pouco o anel da
água que fora de Quatro-Olhos.
− Você. − os outros dois se voltaram para mim.
− Este, vocês têm minha bênção para fazer o que
quiser. − concluiu sumindo.
Os três miraram em mim, mas Leo jogou a pesada mesa
contra eles mandando dois pra fora. O que tinha desviado foi atacado por chamas
negras que lancei de minha espada consumindo seu corpo e sua alma.
Acredite, foi bizarro.
− Tomem. − joguei no meio a mochila que trouxe de Barbie-Com-Defeito-De-Fábrica.
− Seremos uma barreira? − perguntou Vinny-Dellas.
− Foi o único jeito que achei de deter Marquinhos e as
barreiras. Agora vão para a casa e ajudem os outros.
− Outros? − indagou Bolo.
− Sim, trouxe reforços.
− E você? O que vai fazer? − perguntou Leo.
− Vou atrás de Muriel. Ele está ferido e não deve ir
longe.
− Isso não é hora pra vingança Braço. − falou Poteta
lendo minha mente.
− Não é vingança. Preciso me livrar de Muriel para que
ele não avise Marquinhos. − peguei minha arma no
cós da bermuda e
disse de forma definitiva. − Vão.
Segui para o fundo da Cabana percorrendo a trilha de
sangue segurando a espada em uma mão e a arma na outra. Os outros já tinham saído
e corrido para a casa. No final do casebre a porta da cozinha estava aberta e o
sangue seguia na tangente. Quando olhei pelo basculante vi o famigerado líder
apontando para a porta.
− Tentando uma armadilha, hein?
Não, ele estava mirando alguma coisa através da porta
quando virei pra direção que a bala seguiria vi um galão de gás cheio como um
obeso que acabara de sair do McDonalds.
− Son of the… − quando ouvi o som do tiro só tive
tempo de criar um globo de água ao meu redor me protegendo da explosão e das
chamas impetuosas.
Foi madeira e chamas pra tudo que é lado.
Desfiz o globo quando as chamas pararam de me
envolver. Saí dos escombros, mas não vi mais o desgraçado. E os escombros acesos
apagaram qualquer rastro que eu pudesse rastrear.
Frustrado, voltei para casa onde minha barreira já
havia tomado conta da área.
− Achei que não era pra deixar ninguém passar. − falei
pra Trago tirando ele dos lábios de Natty numa comemoração.
− Eles eram três, eram rápidos e tinham metralhadoras.
− E daí? Minhas ordens foram claras. − não, não foi um
sermão. Eu acho.
− E agora Braço? –
perguntou Papel que me observava ali perto.
− Tenho que fazer uma ligação. − disquei o número que Kinha me deu.
− Oi Pepe. − ela devia estar acompanhada.
− A casa de Marquinhos foi tomada. Onde ele está?
− Comigo.
− E onde você está?
− Terceiro Centro. To com mais dois… três amigos.
− Três contando com Marquinhos.
− Sim, Pepe. − fingiu irritação. − São homens, mas
são apenas amigos.
− Leve-os até a encruzilhada e me avise quando chegar
lá.
− Se eu te amo?
− Sim, é um bom sinal. Aguarde na linha.
− Ai Pepe, preciso te dizer isso?
Enquanto ela enrolava, eu dei as ordens:
− Paulinho, pegue o poder de Nandinho e leve
Bunitinho, Xalau e Trago pra rua transversal direita da ladeira do Terceiro
Centro. Nandinho vai pra rua oposta levando Marão, Pezão, Humbertinho e Bolo.
Dellas, você vai levar pra ladeira oposta Dente, Poteta, Paulinho e Leo. Já
Pombinho vai nos levar o mais rápido possível pra ladeira do Terceiro Centro
neste Pendrive. − tinha sobrado eu, papel e Johnny. − Natty, fique aqui.
− Tudo bem Pepe, eu te amo, tá ouvindo. − era o
sinal de Kinha.
− Agora!
Joguei o aparelho pra Pombinho que nos coletou e nos
baixou na ladeira ao mesmo tempo em que os outros grupos apareciam cercando
Marquinhos, Kinha, o cara do boné da Mahalo e o que detonou as torcidas.
− Procurando por mim? − perguntei a meu rival.
− Pepe, ligo pra você depois. − um plano B. Garota
esperta.
− Pelo visto arranjou uma barreira em menos de
24horas. É quase um Jack Bauer.
− Isso mostra que sou melhor que você. Fui a sua casa,
derrotei sua barreira e seus líderes, destruí sua Cabana e agora você está
cercado. Renda-se. − lhe apontei a arma.
− Está blefando.
− Tem razão. Foi Muriel que destruiu A Cabana comigo
lá dentro, mas isso não importa agora. Você não tem mais saída.
De repente eu vi. Algo que jurei impossível de ser
visto por alguém. Ao fitar meus olhos, Marquinhos viu a verdade e a obstinação
lado a lado. E então aconteceu. Era incrível: Marquinhos estava com medo. Pela
primeira vez. E o que era inebriante, me impulsionava pra frente, despertava
minha ira dos acontecimentos recentes libertando uma fera dentro de mim. Mais
que um leão, um dragão.
Marquinhos estava com medo de mim.
− Proponho um duelo.
− Nada de duelos. Você perdeu. Entregue-se e penso num
lugar bacana pra passar o resto da vida.
− Eu não estou sozinho, Dani e posso derrotar todos
mesmo que estivesse. Vai querer machucar sua barreira?
Atirei contra ele e, como previ, seu escudo defendeu o
tiro, mas segundo Barbie-Com-Defeito-De-Fábrica, a bala possuía mais potência o
que foi confirmado, pois a aura psíquica de Marquinhos rachou perigosamente.
− O quanto acha que pode aguentar.
Ele engoliu em seco. Não parecia o mesmo Marquinhos
opressor e tirano de anos atrás que atormentou minha vida e a de seus amigos.
Era uma Mariquinhas.
− Dani, pela nossa amizade. Acolhi você na minha
casa.
− Você me humilhou… e na casa de sua mãe, você quer
dizer. − Reengatilhei. − Não vou pedi de novo.
Com sua telecinese, Marquinhos pôs os três líderes que
lhe acompanhavam entre eu e ele e tentou enfrentar o grupo de Dellas. Este
desenhou no ar, como se usasse um programa de design, uma metralhadora digna de
CS[1]
e atirou sem dó nem piedade em Marquinhos que, apesar de protegido por sua aura
foi empurrado de volta pra trás.
A barreira tripla continuava entre meu 38 e as costas
de Marquinhos, porém, de forma voluntária. Na verdade exatamente entre nós
estava Kinha que se abaixou e disse:
− Atire.
Sem titubear, disparei contra as costas desprotegidas
de Marquinhos. Não pra matar, mas foi o suficiente para desbancar e derrubar
toda uma arrogância e prepotência em pessoa.
Marquinhos fora derrotado.
Os outros dois líderes pensaram em atacar a garota
pela traição, mas preferiram preservar a cabeça no lugar.
− Acabou. − disse virando ele com o pé. Ele gemeu
quando seu ferimento bateu no chão sujo. − Eu sou o líder da Liberdade.
− Os outros não irão lhe seguir.
− Ah, irão sim. Derrotei seus líderes e, sobre eles,
existe somente eu e meu vice.
− Eu tenho liderança nata, Dani boy. Eles me seguirão
mesmo que eu fique numa cadeira de rodas. Terá que me matar. − me desafiou,
pois sabia que não era capaz.
Nem era preciso:
− Quero saber se eles vão lhe ajudar estando você na
lixeira. − Vinny-Dellas tossiu e lhe cuspiu na cara uma catarrada que quase
parecia um vômito. Marquinhos brilhou em tom azul, ficou translúcido e
desapareceu.
Kinha ficou do meu lado e me virei para os outros dois
líderes. Foi estranho. Esperava que eles se rendessem de imediato, mas
titubeava entre lutar ou se submeter.
− Não será tão simples. − me falou Kinha.
− Use isso, por enquanto. − falou Trago.
− O que é isso?
− Um anel que me deram quando estava no interior. − o
anel era dourado e se lia “O Senhor é meu Pastor”.
− Pra que eu vou usar um anel evangélico se o próprio
Deus me quis morto.
− Não é evangélico. É só um disfarce. Quem usa ele
pode oferecer um anel a um tipo ou raça de pessoa e você comanda esse tipo ou
raça.
− Você já fez isso?
− Criei um anel grandão e usei de coleira. Comandei
todos os cachorros da área.
− Por isso que toda hora que eu encontrava um
cachorro, ele queria me morder, né? − falou Poteta.
Trago riu.
Peguei o anel e pus no dedo indicador.
− É provisório, viu mestre. Até você vingar Maçã.
− Sim. E como eu… − então na minha mão se formou um
círculo terminando num anel robusto, mas simples.
− É melhor que seja Papel, assim ele terá ligação
direta com você.
Joguei pra Papel que ao colocar o anel me deu o
controle de toda a barreira da Liberdade. Me virei pros dois líderes e eles se
curvaram em meu favor. Sentia onde cada membro de cada sub-barreira se
encontrava. E podia controlar todos.
− Agora sim, estou pronto pra enfrentar os Templários.
− É melhor deixar pra amanhã. − me aconselhou
Pombinho. − O dia foi longo.
− Pombo tem razão. − falou Xalau. − To morrendo de
sono.
É… não poderei usá-los cansado. Iria querer
todos no zênite de seus poderes. Amanhã seria o grande dia.
[2] Denominação para garotas que podem ficar com
qualquer menino, mas só namoram líderes de barreira.
[3] Não é o irmão de Philipe de “A Caneta”, mas o irmão de Bibi de “O Jegue,
a Princesa e a Escada”.
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